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quarta-feira, 11 de abril de 2018

FOTOS IMAGENS-Rio tem 150 pontos de uso de crack que reúnem 2 mil dependentes da droga; veja mapa

Homem usando crack na Av. Brasil (Foto: Marcos Serra Lima / G1)
A Prefeitura do Rio identificou 150 locais da cidade nos quais dependentes químicos se reúnem para fazer uso de crack e outras drogas. Estes pontos têm, ao todo, 1.939 pessoas. Os dados constam do levantamento mais recente da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) sobre o tema, realizado entre o fim do ano passado e início de 2018.

No primeiro capítulo de uma série de três reportagens sobre a questão do crack na cidade do Rio de Janeiro, o G1 traz um mapa da concentração de usuários por bairros (veja no link abaixo), o debate sobre a internação compulsória de usuários que divide autoridades e flagrantes do uso da droga em plena luz do dia.

Confira mapa que detalha concentração de usuários de drogas por bairros


Embora alguns desses lugares popularmente tenham ficado conhecidos como “cracolândias”, o termo é refutado pela administração municipal, que classifica os lugares como “cenas de uso de drogas”.


A pasta evita usar o termo “cracolândia” para os pontos de uso argumentando que, em São Paulo — onde nasceu a expressão —, o termo é usado para designar “uma área com mais de 400 dependentes químicos”. A secretaria frisa que, no Rio, não há nenhum local semelhante ao que existia na região central da capital paulista.

Mesmo assim, as aglomerações de dezenas de usuários em alguns lugares do Rio preocupam autoridades e moradores. O caso mais crítico é observado na Rua Leopoldino de Oliveira, em Madureira, na Zona Norte.

O local é o ponto da cidade onde há mais usuários de drogas reunidos, no qual equipes da secretaria constataram estarem 65 dependentes químicos. A Rua Luiza Vale, em Del Castilho, também na Zona Norte, é o trecho que aparece em segundo lugar no levantamento, onde se reúnem 62 pessoas.




Crack está presente em todas as regiões da cidad (Foto: Editoria de Arte/G1)

Mudando o enfoque, os dados da secretaria revelam que o Centro do Rio é o bairro onde há maior concentração de dependentes químicos. São pelo menos 327 usuários espalhados por locais como as avenidas Rio Branco e Presidente Vargas, duas das principais vias da região, além do Campo de Santana e Cinelândia.

A turística Copacabana, na Zona Sul, figura como o segundo bairro onde mais se agrupam usuários de entorpecentes. São 116 dependentes, segundo o levantamento, que estão na Avenida Atlântica e próximo à estação do metrô Cardeal Arcoverde, por exemplo. Em seguida vêm Bangu (107), na Zona Oeste; Complexo da Maré (95), Zona Norte; e Tijuca (86), também na Zona Norte.



Mulher caminha em ponto de uso de crack na Avenida Brasil (Foto: Marcos Serra Lima/G1)

Sobre o trabalho desenvolvido com os dependentes químicos, a secretaria informou, em nota, que equipes fazem abordagens diárias nas ruas do Rio. Várias delas, segundo o texto, são realizadas em conjunto com a Secretaria Municipal de Saúde. “O trabalho de tentar resgatá-los das ruas e reinseri-los socialmente é permanente, inclusive com a busca por suas famílias”, comunicou a pasta.


Entre janeiro e março deste ano, o G1 esteve em alguns desses locais nos quais se reúnem os dependentes químicos e também foi a abrigos que acolhem os usuários. Alguns dos pontos já são conhecidos pelo trânsito de usuários de crack, como é o caso da Avenida Brasil na altura de Ramos, próximo ao viaduto do BRT. Mais detalhes sobre essas visitas serão publicadas nas próximas duas reportagens sobre o tema.

Ex-secretário defende internação compulsória

No horizonte, Defensoria Pública e representantes da prefeitura não enxergam uma solução simples para a pulverização dos pontos de uso de drogas. Por isso, a internação involuntária — ou compulsória — desses usuários voltou ser debatida, mas a medida divide opiniões. 



Cracolândias se espalham pelo Rio de Janeiro e gera debates sobre internação compulsória


O novo secretário de Assistência Social e Direitos Humanos foi anunciado nesta segunda-feira, o vereador João Mendes de Jesus. Ex-secretário, Pedro Fernandes — que ainda estava à frente da pasta quando foi entrevistado pelo G1, avaliou a internação como uma “boa alternativa”. Apesar disso, ponderou que o caso precisaria ser discutido com a Secretaria de Saúde, o Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública.

“Tem que se abrir sim, em casos pontuais, essa questão da internação compulsória, por essas pessoas, ao nosso entender, não terem o direito de estarem ali colocando a vida de terceiros em risco”, disse Fernandes.

Pedro Fernandes, que deixou a secretaria para concorrer nas eleições deste ano, disse que a hospitalização forçada deve ser realizada em parceria com a Secretaria de Saúde, e não nos abrigos da Assistência Social e Direitos Humanos.

“Quando a gente consegue, com muita dificuldade, convencê-los a ir para um abrigo, eles não passam mais do que dez horas porque têm crise de abstinência. Esse modelo que o Brasil utiliza já está mais do que comprovado que não é eficaz. Chegou o momento de reabrir o discurso. Esse pode não ser o melhor caminho, mas é a melhor opção no momento. A gente está enxugando gelo”, lamentou.


Homem acende cachimbo na Avenida Brasil 
(Foto: Marcos Serra Lima/G1)

Já a defensora pública Thaísa Guerreiro acredita que a internação compulsória deve ser usada em último caso e por um curto período de tempo. Segundo ela, antes da hospitalização existem outros “inúmeros dispositivos” para tratar essas pessoas.

“O convívio em sociedade é um melhor tratamento do que restringi-la e isolá-la, porque aí sim essa pessoa vai continuar repetindo as condutas que são decorrentes de um transtorno mental”, explicou a defensora.

Ainda assim, Guerreiro concorda com o ex-secretário que os abrigos não são locais apropriados para os dependentes químicos. Ela destacou que, mesmo nas ruas, essas pessoas precisam ter direito à dignidade, à liberdade e à escolha de vida.

“Isso tem que ser visto como meio diferente de vida e a gente tem que respeitar. Essas pessoas têm que ser tratadas, auxiliadas. Compete à Saúde, junto com a Assistência Social, junto com as outras secretarias, em uma atitude intersetorial dentro do próprio município, de ver como que a gente pode abordar essas pessoas, respeitando o modo diferente delas de estar em sociedade e, ao mesmo tempo, de protegê-las de atravessar uma rua, de praticar um crime”, frisou.

Por outro lado, Fernandes diz que não dá mais para “fingir que nada acontece” e que é preciso entender por que a Secretaria de Saúde não tem condições de proceder com a internação compulsória dos usuários.

“Eu sou secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, mas a gente tem que priorizar os humanos direitos. Não que essas pessoas não sejam, mas o direito deles de ser usuário de droga esbarra a partir do momento que começa a interferir no direito da pessoa de bem. Por mais que tenham pessoas que achem que isso é normal, tem as pessoas que ficam impactadas e sofrem as consequências dessas situações. Que direitos são mais importantes? Será que ele tem o direito de ficar roubando para manter o seu vício?”, completou o ex-secretário.

A defensora, em contrapartida, criticou a ausência do poder público e entende que são pontos de vista diferentes diante da mesma situação. De acordo com Guerreiro, é importante que tratamento aos dependentes também seja no sentido de protegê-las.

“Talvez se a gente tivesse todo esse tratamento a gente não teria essas pessoas nesses locais que trazem risco para elas mesmas. É olhar para protegê-las e não segregá-las. Elas causam risco pra população, mas elas também estão se colocando em risco”, afirmou.


Abordagens na Avenida Brasil

Varal, sofá, cadeiras, mesa. O trecho da Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso, é um dos pontos onde os usuários de drogas mais se sentem à vontade para consumir entorpecentes, mesmo à luz do dia. A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos já identifica o local como um dos lugares em que há maior concentração de dependentes químicos.

Por esse motivo, lá, toda segunda-feira equipes da secretaria e de outras entidades fazem abordagens às pessoas e ofertam tratamento. Caso aceitem, os dependentes são encaminhados para unidades de saúde. Em outros dias funcionários da pasta também costumam interpelar os usuários, mas sem uma frequência definida.

Além de Bonsucesso, outros locais da Zona Norte também foram identificados na ronda realizada pelo G1. Numa calçada ao lado da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), na Avenida Radial Oeste, um grupo de pessoas também consome crack e outras drogas ao ar livre. A Rua Álvares de Azevedo, no Chachambi, é próxima à comunidade do Jacarezinho. Lá, os depentes que moram nas ruas fizeram até barricadas.

Tratamento de crack: especialistas explicam como funcionam abordagem, acompanhamento e redução de danos



Ponto de cracolândia atrás da Uerj, ao lado da Av. Radial Oeste
http://www.lentedotrairi.com.br/
Homem anda com vários celulares na mão em ponto de uso de crack na Avenida Brasil 

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