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terça-feira, 26 de novembro de 2013

Sítio Novo-RN: Poeta Sitionovense Presta Homenagem ao Amigo e Emociona Muita Gente

Poeta Valdeison Ribeiro

Poeta Valdeison Ribeiro
O poeta sitionovense, residente hoje em São Paulo-SP, o Valdeilson Ribeiro, prestou em seu site "UM POETA POTIGUAR", uma grande homenagem ao seu amigo, Tarcísio Medeiros, também cidadão sitionovense. Em uma linda narração, o poeta conta a história de de vida de seu amigo, que de uma certa forma chega a emocionar a quem ler.





Confira:

Renasce um Homem de Ferro em Sítio Novo-RN





Eu sou Tarcísio Medeiros

É como sou conhecido
Eu vou tentar resumir
O que tem me acontecido
Guarde bem essa história
Ou registre na memória
Meus momentos de alegria,
Se gostar de mim me abrace
Se não gosta, não disfarce
É assim meu dia-a-dia.




Já no começo da vida

Perdi o meu pai querido
Sinto saudades ás vezes
Mesmo sem ter conhecido
Eu com dois anos de idade
Mal saberia a saudade
Daquela triste partida,
Estranho, meu peito salta
É que hoje sinto falta
De quem nunca vi na vida.




Nasci em sessenta e cinco

Uma criança feliz
Sou de família humilde
Não tive tudo que quis
Sem luxos, sem mordomia
Brinquedo não conhecia
Tempos de dificuldades,
Era feijão sem mistura
Quando tinha rapadura
Era grande novidade.




Era café com farinha

Para começar o dia
Bolo de leite, bolacha
Em casa não existia
Minha mãe nos educava
E as vezes triste falava:
-Não tem nada pra jantar!
Ia dormir sem comer
Chorava pra ninguém ver
Sem nada pra alimentar.




As vezes não tinha água

Quando a seca castigava
Nem água pra tomar banho
E quando a sede apertava
Meia noite ia buscar
Lá no Sítio Trapeá
Era aquele sofrimento,
Nem banho às vezes tomava
E o carma só aumentava
Sem água e sem mantimentos.




Sempre fui um bom menino

Educação não faltou
Minha mãe sempre correta
Com firmeza me educou
Se falasse um palavrão
Arrumava confusão
Mesmo que fosse inocente,
Não seria perdoado
E pelo que foi falado
Dormia de couro quente.




Ano de setenta e quatro

Aos nove anos de idade
Eu fui conhecer São Paulo
Aquela imensa cidade
Com minha mãe do meu lado
Fiquei impressionado
Com aquela imensidão,
Voltei de lá encantado
Se eu fosse emancipado
Não tinha voltado não.




Com nove anos depois

Já com meus dezoito anos
Com um cabelo estiloso
Bonito e cheio de planos
Pra São Paulo retornei
Onde por lá trabalhei
Em busca de estrutura,
E fiz carreto nas feiras
Longe das grandes porteiras
Longe da agricultura.




Retornei pra Sítio Novo

No auge da adolescência
E deixei lá em São Paulo
Toda aquela inocência
Com dinheiro pra gastar
Sem nada me preocupar
Namorada não faltava,
Fui o sonho das donzelas
Igual ator de novelas
Chega os cabelos voavam.




E uma paixão acabou

Minha vida de solteiro
Com responsabilidade
Ganhei meu próprio dinheiro
Saí da agricultura
Trabalhei na prefeitura
Chico Camilo o prefeito,
Sítio Novo melhorou
E muita coisa mudou
Quando ele foi eleito.




A Solange engravidou

Fiquei emocionado
Falei vai ser um menino
Pra correr atrás de gado
Era um sonho que eu tinha
De ver uma cria minha
Como eu, puxando boi,
Mas no fim nasceu menina
Tão frágil, tão pequenina
E aquele sonho se foi.







Foi o bem mais precioso
Que um dia pude ganhar
Eu me lembro como agora
Quando começou andar
Uma criança tranquila
Dei o nome de Camila
Uma linda menininha,
Uma promessa cumprida
Nome da minha querida
Nome da minha mãezinha.




Depois veio Caliane

A minha segunda filha
Também Ana Catarina
A terceira maravilha
Que só depois de crescer
Que eu pude conhecer
Aos 22 de idade,
De um outro casamento
Relembro aquele momento
Com grande felicidade.




Metamorfose da vida

Que temos que aceitar
Quando a Camila cresceu
E um dia quis casar
Fiquei muito chateado
Não estava preparado
Para a tal situação,
Mas pensei por um segundo
Filhos são feitos pra o mundo
Não importa a criação.




Depois de um tempo entrei

No ramo de padaria
Às três horas da manhã
Acordava todo dia
Sempre muito dedicado
Minha esposa do lado
Sempre juntos caminhando,
E o destino sem falha
Que corta mais que navalha
Estava se aproximando.




E assim como de costume

Um dia me levantei
Dia 09 de dezembro
Eu jamais esquecerei
Comecei a passar mal
Um derrame cerebral
Quase veio me matar,
Graças ao nosso divino
Que Antônio Belarmino
Chegou para me salvar.




Em “coma” por 13 dias

Quase sem ter esperança
Um túnel longo e escuro
Minha única lembrança
Eu lembro que eu andava
Uma luz se destacava
Lá no fim, muito distante,
Lembro que eu retornei
E em susto acordei
Naquele exato instante.




Eu já acordei chorando

Sem poder nem me mexer
Não sentia minhas pernas
Também não podia ver
Um olho sem a visão
E sem mexer uma mão
Chorava no hospital,
Um dos meus lados mexia
O esquerdo não respondia
E eu ali passando mal.




Na hora o médico entrou

Eu chorava sem parar
Entrou a minha família
Vieram me explicar
Foi na hora que entendi
Que ali quase morri
Sem nem uma despedida,
Começava vida nova
Trazendo as maiores provas
Que alguém pode ter na vida.




E finalmente eu voltei

Pra casa naquele dia
Deitado em uma cama
E ali nem me mexia
E só vivia a chorar
Por medo de não andar
Nem ter recuperação,
Relembro emocionado
Minha filha do meu lado
Dormindo em um colchão.




Era um anjo da guarda

Uma alegria sem fim
No chão do lado da cama
Só para cuidar de mim
E quando a dor apertava
Ela me massageava
Eu agradeço a ela,
Nunca me deixava só
Cuidou de mim bem melhor
Do que eu cuidava dela.




Daí fui me conformando

Conforme o tempo passava
Com pouco tempo depois
A Camila engravidava
E ela me prometeu
Que aquele sonho meu
Iria realizar,
E a ultra-sonografia
Revelou a alegria
Foi difícil segurar.




Depois que nasceu meu neto

Eu fiquei sem reação
Tão grande era a alegria
Que apertava o coração
E desse dia pra cá
Tudo começou mudar
Ele me trouxe alegria,
O meu quadro evoluiu
Meu neto contribuiu
Junto à fisioterapia.




Já ajudei muita gente

E hoje não posso mais
Não tolero sofrimento
Fome e sede jamais
Peço a Deus nosso guia
Que me mostre a cada dia
O mais lindo amanhecer,
Meu deus me mostre o caminho
Olhe pelo meu netinho
Me deixe vê-lo crescer.




Peço a deus que não me leve

Antes que eu veja um dia
Meu neto em um cavalo
Fazendo o que eu mais queria
Tangendo uma boiada
Correndo nas vaquejadas
De pensar meu peito chora,
Falarei com muito amor
Obrigado meu senhor
Pode me levar agora.




Hoje um lado do meu corpo

Está inutilizado
Sequelas pra vida inteira
Meu fardo ficou pesado
Fico sempre em meu abrigo
Sinto falta dos amigos
Que nunca vem visitar
Foram muitas amizades
Lembrando sinto saudades
E triste venho a chorar.




Até mesmo as vaquejadas

Que é minha grande paixão
Nesta cadeira de rodas
Relembro com emoção
Quantas festas fui na vida
Quanta alegria vivida
Aqui só, sinto saudades,
Esta angustia me arrasa
Hoje pra sair de casa
Eu tenho dificuldades.





Minha maior alegria

É minha linda família
Sempre esteve ao meu lado
Foi a minha maravilha
Pois amigo de verdade
Na grande dificuldade
Do seu lado vai estar,
Falo sem nenhum segredo
Hoje eu conto a dedo
Quem veio me visitar.






Não é dinheiro que eu quero

E que eu sinto saudade

De uma palavra amiga

Um gesto de amizade

Sempre me pego chorando

Muitas vezes relembrando

Campanhas eleitorais,

Eu dei o melhor de mim

E agora que estou assim

Ninguém nem me olha mais.


Sinto a vida escapando

Sem nada eu poder fazer

Apesar da alegria

Que eu tenho de viver

Se eu for, sentirei saudade

De amigos de verdade

Que guardo no coração,

Chegando ao fim a jornada

Sepultando a vaquejada

A minha grande paixão.


Autor: Valdeilson Ribeiro

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