Mamãe sonhava um futuro grande para todos os seus filhos. Ela nos via com os mesmos olhos brilhantes que um joalheiro vê diamante puro. Para ela éramos todos perfeitos, e sua satisfação era ver-nos sempre em harmonia. Sobre meu irmão José Pinheiro, Abderraman ou Derraman, como gosto de chamar, ela queria vê-lo doutor das letras e de ofício. Se orgulhava em dizer que tinha um filho doutor de ofício.
O Abderraman de mamãe tornou-se o doutor Pinheiro do povo de Apodi. Mas, imaginem só vocês, o filho de um agricultor e de uma dona de casa tornou-se prefeito. Ah, lembro do sorriso de mamãe e dos seus olhos banhados em prantos de alegrias por ver o filho sendo diplomado, tomando posse e deixando uma marca incorruptível em um solo tão distante do nosso, mas que o acolheu e deu-lhe afeto, carinho e confiança do tipo que só encontramos em casa.
Apodi tornou-se a casa de doutor Pinheiro e também uma parte do coração de mamãe. Por casa é onde os nossos e nós estamos felizes. No fundo, mamãe nutria uma alegria e um sentimento profundo de gratidão a Deus e a virgem Maria por todos os seus filhos, mas o seu sorriso brilhava por enxergar o caminho do meu irmão.
Meu irmão, não poderia eu finalizar estas palavras sem dizer do orgulho que tenho por ser sua irmã. Viva doutor José Pinheiro. O nosso, para sempre, Abderraman, ou Derraman.
CLEUDIA BEZERRA PACHECO
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