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segunda-feira, 2 de maio de 2022

O AÇUDE DE SEVERINO, O AÇUDE DE BOA HORA


Era tarde quando os nossos pés pisaram o chão de Boa Hora naquele dia. Eu vinha o caminho pensando no que meu irmão Abderramam sentiria ao ver o açude que papai construiu cheio de novo depois de 11 anos. Naquele dia a saudade, que costuma ter gosto amargo, tinha um gosto de alegria. As terras de Boa Hora voltavam a ter fartura mediante as chuvas que abençoavam nossas terras.

A tabua de uma carroça puxada por um burro foi o nosso transporte. Do casarão que nascemos, seguimos para ver as margens do açude de Boa Hora. No trotar dos passos do jumento, uma vastidão de lembranças banhava as nossas cabeças. Olhei para o cruzeiro (Última Caminhada) com os olhos de uma filha que via o pai chegar do trabalho lampejado de suor e com os pés cobertos de terra – legitima farda do agricultor.

Chegamos ao açude. Nossos olhos brilhavam feitos dois candeeiros acesos numa sala escura. Brilho insolúvel. Podia ser de outra coisa, mas aquele brilho era de orgulho, satisfação e admiração pela história de papai. O vento que batia em nossa face era como um abraço, os galhos das árvores que se moviam em volta eram como um aceno perpetuo. Papai estava a sorrir, tenho certeza disso. E ali, seus dois filhos, também sorriam. Valeu a pena, Severino Bezerra sua história e legado foram tão grandes que não cabem numa só vida. E cá estamos escrevendo e falando sobre o senhor, papai.


CLEUDIA BEZERRA PACHECO




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