Há dez dias das eleições municipais deste ano, Hugo Tavares
Dutra viajou a Brasília para divulgar um trabalho de educação política que
desenvolve em parceria com a Rádio Comunitária Santa Rita, do município de
Santa Cruz da região do Trairí no Rio Grande do Norte, o SINTE/RN e a Abraço
Potiguar. Foram dois dias de gravações nas TVs Senado, Câmara e UnB (televisão
da Universidade de Brasília) e uma entrevista ao vivo na Rádio Câmara. O
conteúdo da cartilha e do CD do projeto “Cidadania e Eleição” e a simpatia de
Hugo conquistaram a todos. “Sou um pedagogo nordestino; discípulo de Monsenhor
Expedito Sobral de Negreiros, um missionário do interior do Rio Grande do Norte
que no auge da ditadura militar lançou cartilhas em que ensinava ao povo
simples que cidadania significa ter direito a saúde, educação, emprego, moradia
e segurança de qualidade; liberdade e condições dignas de se viver. E que isso
se consegue com políticos decentes. Voto não se compra. Consciência não se
vende! Foi de Monsenhor Expedito que resgatei esse projeto”. Este era o mantra
recitado por Hugo em todo lugar que chegava, para em seguida completar: “Não
estou sozinho nessa caminhada. Sou um humilde representante de um grupo de
voluntários talentosos que doam seu tempo e sua arte para que esse projeto
aconteça”. E passava a listar nomes de poetas, músicos, artistas, técnicos de
som, radialistas e tantos quantos colaboraram com a confecção da cartilha e do
CD. Hugo fazia questão de dar destaque para aqueles a quem considera “peça
fundamental” para o sucesso do projeto: os professores. “Nós plantamos a
semente. É fácil plantar. O difícil é cultivar. É cuidar para que a mensagem
frutifique. E essa nobre tarefa é desempenhada principalmente pelos
professores”. E Hugo passava a falar das palestras, das visitas às escolas e da
receptividade de crianças e jovens ao conteúdo da cartilha. Em todos os lugares
contou o depoimento da criança que, com menos de dez anos de idade, disse que
entendeu o significado da palavra “corrupção” quando, fingindo que dormia,
escutou um ‘cabo eleitoral’ negociar e comprar o voto da sua mãe por R$ 200,00.
Hugo recitava versos e cantava. Distribuía a cartilha, o CD e cantava. E para
todo nordestino que encontrava nos estúdios das emissoras, entregava uma
cartilha autografada dizendo: “Leve de presente para o seu pai e para a sua mãe
com um abraço desse conterrâneo”. Hugo não parava de falar, nem de cantar.
Tanto que a emoção, junto com o clima seco de Brasília, fizeram com que ficasse
rouco. Mesmo assim, continuava falando e cantando. E, ao cantar ao ar livre
para a equipe de gravação da TV UnB sua voz despertou a atenção do senhor que
varria o local. Ele deixou a vassoura em um canto, aproximou-se e ficou
escutando. Era outro nordestino, do interior de Pernambuco. Quando Hugo
terminou de cantar, o senhor voltou para a sua vassoura e continuou o seu
trabalho cantando os versos, que também eram cantados por cinegrafistas,
operadores, iluminadores, radialistas, entrevistadores em todos os locais que
Hugo visitou. Versos que ficaram na cabeça e eram discretamente melodiados ao
final das gravações:
Hugo Tavares
|
Ficha limpa,
Ficha suja
Diz aí quem
vai julgar
Quem é quem
nesse processo
Desse nó que
é votar
Foi isso que
aconteceu. Esses versos grudaram como chiclete na cabeça de quem escutou Hugo
cantar em Brasília. E também não sai da minha cabeça, pois acompanhei Hugo em
todos os lugares. Por isso, repasso como presente para você que leu essa
matéria até aqui:
Ficha limpa,
Ficha suja
Diz aí quem
vai julgar
Quem é quem
nesse processo
Desse nó que é votar
Paulo Sérgio
Azevedo
Jornalista
Fonte : http://erivanjustino.blogspot.com.br/

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