Na minha casa eram mais homens do que mulheres. Eu e mamãe convivemos com meus três irmãos e papai. Era um ambiente masculino, sim senhor. Mas, com o passar dos tempos e a consciência tomando conta da minha cabeça, eu fui aprendendo a observar os passos de mamãe. Peculiar, dona Auta tinha um jeito especial de conduzir as coisas, principalmente, sem nunca perder a autoridade ou tê-la arranhada. Respeitada, mamãe tinha uma liderança nata.
Foi com este tempo que eu aprendi mais sobre mamãe. Ainda jovem, nos primeiros passos da liderança, escreveu um poema para o aniversário do meu avô Iêiê. Casou-se cedo e cedo tomou conta da casa, do marido e teve filhos. Líder de sua casa e de Boa Hora, mamãe conduzia as noites das festividades, tomava conta das festas e ainda pregava sobre o amor de Cristo zelando pela imagem de Nossa Senhora do Rosário - padroeira de Boa Hora. Devotada na fé e no trabalho religioso, mamãe, muito amiga de Monsenhor Emerson Negreiros, participou da construção da matriz de Santa Rita - Sua madrinha.
Quando papai se foi, vi esta mesma mulher com um terço nas mãos devotar-se ainda mais aos trabalhos pastorais. Rendo-me às lembranças das missões de Frei Damião organizada por ela, das caminhadas penitenciais ao Monte Carmelo. Lembro de minha mãe falando de igual para igual com prefeitos, vereadores e líderes do poder sobre ajudar o povo e ajudar a igreja.
Mamãe sempre foi o meu maior exemplo de liderança e de mulher. Também sempre foi o meu maior orgulho. Lembro dela e sinto saudades. Mas, sei, estando ela junto de seus santos protetores tem feito constantes orações por mim, por meu irmão e por todos da família.
No dia da mulher, lembro Auta Pinheiro Bezerra. Nordestina, forte e muito à frente do seu tempo.
CLEUDIA BEZERRA PACHECO
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