Vestido de um branco, por ora sem brilho e amarelado pelas nódoas do tempo, o Casarão de minha família repousa como um sepulcro esquecido, porém admirado por quem passa na via pública. Quer seja filho desta terra ou turista, indagam-se os mais curiosos “Qual é a história deste casarão?”. Sozinho o “castelo de Santa Cruz”, como dizia mamãe, é um dos poucos monumentos antigos que ainda resistem ao tempo e que as mãos perversas do progresso sem respeito à história ainda não tocou. Se os curiosos perguntam qual a sua história, eu me pergunto até quando ele resistirá de pé.
Empenhei-me numa luta, anos atrás, pelo tombamento do casarão de minha mãe. Se de um lado sobrou-me apoio popular, do outro faltou desejo político para defender a história de nossa cidade representada por aquele momento.
Não sei, porque ninguém sabe, como será o nosso futuro. A vida é incerta, agora estamos conversando aqui, daí a pouco não sabemos o que pode nos acontecer. Garantias? Posso dar uma: Enquanto sangue correr em minhas veias e ar passar em meus pulmões, nada acontecerá ao casarão de Dona Auta. Quando eu não estiver mais aqui, nada poderei fazer. Restará a você que lê este texto neste momento impedir que a história de nossa cidade seja reduzida ao pó. Dos anos que vivi, posso assegurar uma coisa: É possível trazer progresso sem destruir a história e a identidade, pena que nem todo mundo pensa desta forma.
Cleudia Bezerra Pacheco
Nenhum comentário:
Postar um comentário