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segunda-feira, 1 de abril de 2024

Boa Hora sangra. Transborda meu peito de lembranças

 





 Papai era como todo sertanejo. Aguardava a cheia do açude com apreensão e esperança, e festejava a sangria como um menino que recebe presente em dias de aniversário. Para seu Severino, o açude era o coração de Boa Hora e os seus pulmões eram as bênçãos de Deus. O açude cheio representava um ano de fartura e de bom pasto para o gato que ele criava com tanto esmero. Em dias de sangria eu via o sorriso nos olhos de papai, o brilho e o descansar da fé que se transformava em gratidão à Deus e a São José. Em dias de sangria, eu via mamãe rezando o terço com o mesmo sorriso de papai. Suas preces e súplicas se transformavam em louvores à Deus e a Santa Rita pela intercessão. 

 Hoje, os tempos são outros. Não posso estar em Boa Hora e sei da cheia do açude e de sua sangria por meio de vídeos e fotos. Ligações que me chegam dão conta da alegria do povo sertanejo. Quando desligo o telefone, fecho os olhos e imagino Seu Severino e Dona Auta lá de cima felizes e com os mesmos olhos brilhando. Ele orgulhoso de ver o açude que construiu com o próprio suor, esforço e a ajuda de muitos trabalhadores, e ela ainda enxugando o suor do rosto de papai com aquela toalha de sempre. Ela orgulhosa por ver o povo de Boa Hora feliz… 

 Acalmo a saudade assim, pensando neles e sabendo que lá de cima Seu Severino e Dona Auta continuam intercedendo a São José, a Santa Rita e a Nossa Senhora do Rosário para que Deus abençõe Boa Hora. 

CLEUDIA BEZERRA PACHECO

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