Somam-se poucos meses desde que doei a Casa de Cultura, em especial à casa do Artesão do Trairi, todos os meus livros. Estes juntos durante toda uma vida. Os livros que ajudaram na minha formação, nas tomadas de decisões e principalmente que ampliaram o meu gosto por cultura e arte. Sempre acreditei que tudo que criamos nesta encarnação não nos pertence, feito foi para o mundo e as futuras gerações. Por isso, não tive apego ou ciúmes. Doei-os com o coração em chamas de alegrias porque, intimamente, sabia o bem que eles me fizeram poderia agora voltar à sociedade.
Mas, como fazedora de cultura, não bastou-me uma homenagem posta sobre uma placa indicando que o nome da biblioteca seria o meu junto à CASA DAS PALAVRAS. Mãos atadas para a cultura nunca tive. Preguiça ou coisa parecida não acha em mim morada. De próprio punho iniciei a escrita de um projeto que transformaria a biblioteca numa alma viva e pulsante, como sempre sonhei. Abri o caminho, soltei a ideia ao vento, e como as fotos mostram a veracidade, outras mãos e outros sonhos somaram-se ao meu. Então, num parto coletivo e imbuído de vitalidade nasceu sorrindo para a vida o projeto É LENDO QUE SE APRENDE.
Lanço-o, portando, as escolas, aos professores e a todos que queiram fazer da literatura um mar onde o nosso barco pode repousar sempre que for preciso ou necessário. Porque cultura é a alma de um povo, e alma de um povo são as suas raízes tão bem preservadas nas ondas de mar alto da nossa cultura.
CLEUDIA BEZERRA PACHECO
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