Eu demorei a escrever estas palavras porque tentar entender o mistério da vida é a coisa mais dificultosa da qual tenho notícia e ouso fazer. A hermética partida de um amigo vaticina o comprimento do ciclo da existência carnal. O Dudé de que me lembro é o que foi um dos maiores conhecedores da história de Santa Cruz e possuía sobre esta terra um numeroso acervo documental fotográfico. Quando soube de sua partida lembrei-me com tristeza das conversas que tivemos em que eu, com minha insistência de praxe, tentava-o convencer de registrar em livro as memórias e as histórias de que forma folclórica ele guardava em sua cabeça. Ah, Dudé, se você tivesse me ouvido uma parte significativa da memória desta cidade ainda estaria viva, porém sem o importante zelador que você sempre foi.
Sua partida me ensina pela rapidez com que a vida corre e me entristece porque lembro-me dos projetos que tínhamos em mente, aqui cito, tornando público pela primeira vez, a vontade mútua que compartilhávamos de contar as histórias dos casarões de nossa terra. Também íamos restaurar suas fotos antigas de Santa Cruz e fazê-las expostas em uma galeria que certamente seria palco de olhares saudosos e corações em chama sedentos por conhecimento. Porém, agora nada disso é mais possível. A história enterrou um de seus mais importantes defensores e eu despeço-me de amigo querido.
CLEUDIA BEZERRA PACHECO
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