domingo, 11 de dezembro de 2022
Minha reverência a terra do museu e de Santa Rita
A primeira Santa Cruz que eu conheci foi pela boca dos meus pais. Menina pequena ouvia aquelas histórias com olhos brilhando e o coração pulsando em amor. A segunda Santa Cruz eu já vi com meus olhos divididos. Um em Boa Hora e o outro nas coisas da cidade, quando ultrapassávamos as cercas da fazenda para ir na rua, a maioria destes, em dias de feira aos sábados. E tanto Boa Hora como Santa Cruz eram, para mim, construções do trabalho e do suor. E, mesmo depois tendo conhecido a Santa Cruz dos foguetos, dos pavilhões e dos sermões de Monsenhor Emerson, foi a Santa Cruz do Trabalho e da fé que marcou meu coração.
Com o tempo o destino fez questão de me levar para longe de Santa Cruz, eu me tornaria professora em Natal, mas os laços que me uniam a Santa Cruz eram tão fortes que a lembrança jamais apagou-se do meu peito. Quer seja por cartas, ou pela oratória de amigos, eu ficava sabendo as astúcias de mamãe e sua luta pela fé e devoção em Santa Rita de Cássia. Auta da igreja, do casarão da esquina da Praça Coronel Ezequiel, mãe de Doutor Pinheiro, de Manoel, do vice-prefeito Chico Bezerra, e de tantos outros filhos sem o mesmo sangue. Tudo isso remontava em minha cabeça a saudade da antiga morada e dos tempos de felicidade.
Talvez o destino tenha me permitido viajar tanto, voar tanto para conhecer outras culturas e, como quem aguarda as coisas em um baú, no tempo certo, abrir e tornar público. Foi a saudade e o amor pela história que me conduziram de volta ao meu útero chamado Santa Cruz. Do conhecimento armazenado, contra a voz de alguns, construí aqui o primeiro Museu Rural do Rio Grande do Norte.
De lá para cá, esta é a minha pisada. Levantando a bandeira da cultura, fortalecendo o turismo religioso que tem o santuário como seu maior símbolo, mas que sem outros atrativos, o museu o mais importante deles, não conseguiria encantar o turista como encanta.
Sim, meus amigos, a Santa Cruz de hoje é diferente da Santa Cruz do meu passado. Não é melhor, não é pior. Porque ser diferente não é problema, é solução. Vejo a Santa Cruz dos ritmos, da diversidade, do amor, e me alegra a Santa Cruz do trabalho e da fé, estes fatores cultivados até hoje.
Hoje, comemorando os 146 anos de Santa Cruz, eu tenho um conselho a dar as novas gerações: Não abandonem a história e nem desprezem os seus antepassados. Um povo sem cultura e sem apreço a história dificilmente será capaz de construir um futuro sólido.
CLEUDIA BEZERRA PACHECO
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