França e Alemanha lideram ofensiva diplomática.
Casos foram revelados por documentos vazados por Edward Snowden.

Após a França e a Alemanha, foi a vez da Espanha
de anunciar a convocação do embaixador americano em Madri para
explicações sobre os casos, revelados pelos documentos vazados pelo
ex-consultor de inteligência americano Edward Snowden.
Esta decisão do primeiro-ministro Mariano Rajoy
é uma resposta às novas revelações da imprensa, segundo as quais a
Agência de Segurança Nacional (NSA) americana teria espionado membros do
governo espanhol, incluindo seu predecessor José Luis Zapatero.

Ao todo, 35 líderes mundiais, incluindo a chanceler alemã Angela Merkel e a presidente Dilma Roussef, teriam sido grampeados, publicou na quinta-feira o jornal britânico "Guardian".
Além disso, a França suspeita que os serviços secretos americanos estão por trás de um ataque cibernético à presidência sofrido em maio de 2012, segundo o jornal "Le Monde".
As revelações, que surgiram a partir de junho, "criaram uma tensão
considerável em nossas relações com alguns dos nossos mais próximos
parceiros estrangeiros", admitiu Lisa Monaco, conselheira de Barack
Obama para a segurança interna.
Mas, apesar dos protestos, os líderes europeus rejeitam sanções contra os Estados Unidos.
"Não se trata de aumentar a pressão desnecessariamente em relação aos
Estados Unidos", declarou o primeiro-ministro belga Elio Di Rupo,
resumindo o estado de espírito dos chefes de Estado e de Governo da
União Europeia.
Os 28 líderes tentam apresentar uma unidade de fachada para exigir explicações de Washington.
A ofensiva é liderada pela França e pela Alemanha, que irão "discutir
bilateralmente com os Estados Unidos, a fim de encontrar até o final do
ano um acordo sobre suas relações mútuas nesta questão", segundo o
comunicado da cúpula.
"Tentaremos implementar um código de boa conduta com os Estados Unidos,
sobre o que é aceitável e o que não é", indicou o primeiro-ministro do
Luxemburgo, Jean-Claude Juncker.
Em um texto comum, os europeus reconhecem que a "coleta de informações
constitui um elemento não essencial da luta contra o terrorismo", a
justificativa usada por Washington.
Mas "a falta de confiança poderia causar prejuízos à cooperação", advertiu.
"Todo mundo pode entender a adoção de medidas excepcionais quando há
ameaças terroristas importantes (...), mas não estamos em uma situação
onde é preciso espionar uns aos outros", declarou nesta sexta Di Rupo.
O presidente francês, François Hollande, disse por sua vez que "não
podemos controlar os celulares das pessoas que encontramos em cúpulas
internacionais".
O chefe de Governo finlandês, Jyrki Katainen, resumiu o dilema dos
europeus: "devemos preservar a relação transatlântica e afirmar que isso
(a espionagem) não é aceitável".
Para além dos protestos, os europeus rejeitam sanções, em particular
uma eventual suspensão das negociações de livre comércio lançadas
recentemente entre os dois blocos.
Vários países, como o Reino Unido e a Espanha, também decidiram não
ofender Washington aderindo a iniciativa franco-alemã. A Espanha
continua a ser um "parceiro e aliado" dos Estados Unidos, afirmou Rajoy.
Por sua vez, o primeiro-ministro britânico David Cameron preferiu não
comentar o escândalo, insistindo no fato de que as questões de
inteligência cabem às nações e não à UE.
A dificuldade de chegar a um consenso, se expressa nas divergências
sobre o projeto de lei apresentado pela Comissão Europeia há meses para
reforçar a proteção dos dados pessoais contra os gigantes da internet e
dos serviços de inteligência.
Enquanto a comissária europeia da Justiça, Viviane Reding, cobra
medidas e a adoção da reforma até à primavera de 2014, os 28 decidiram
por uma "margem de manobra" até 2015.
"Nós devemos avançar mais rápido, mas a tarefa é complexa. Não envolve
somente a vida privada, mas também o mundo dos negócios", afirmou Van
Rompuy.
Fonte: G1
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